Durante o VER-SUS, fizemos visitas a diferentes unidades de saúde, conversamos com profissionais de variadas áreas e usuários de muitos bairros. Tudo muito rápido e intenso (a palavra intenso, aliás, foi a mais usada durante toda a viagem, por todo o grupo), o que tornou difícil a assimilação das vivências. Por isso, a possibilidade de imersão mais proveitosa que tive foi o acompanhamento de um plantão noturno no CAPS III da Rocinha. Minha visita começou às 17h, com a observação da troca de plantão e da reunião dos profissionais dos turnos diurno e noturno e seguiu até as 07h30, devido ao atraso do motorista da van - que deveria ter me buscado às 07h, mas a situação não chegou a se tornar um problema.
Passar a madrugada no CAPS me possibilitou conversar demoradamente com os profissionais que atuam por lá. Especialmente com a equipe de enfermagem e de segurança, que foram incansáveis na resolução das minhas dúvidas. A experiência me ensinou mais do que qualquer aula expositiva sobre saúde mental... Pude conhecer mais a realidade da Rocinha diferenciando o que é espetacularização da mídia e o que é o cotidiano dos moradores. Pude observar o tratamento humanizado dado aos sofredores psíquicos da favela, que tem sua enfermidade agravada pela moradia em área de grande vulnerabilidade social e, na maioria dos casos, também pelo uso de drogas.
Existem formas diferentes de lidar com o portador de sofrimento psíquico. Podemos considerá-lo alvo de intervenção ou um sujeito de direitos – que necessita de cuidados, mas que, para isso, não precisa abdicar de sua liberdade e capacidade de autonomia. No CAPS, é a segunda opção que vigora. E pelos resultados atingidos, percebe-se que é perfeitamente possível viabilizar modelos de atenção centrados nas populações locais e dentro de suas redes sociais, contrariando o modelo hospitalocêntrico e manicomial.
Pude organizar melhor minhas idéias a respeito da integralidade com as conversas que tive com o segurança Carlos Roberto, que trabalhou no plantão de quarta-feira. “Eu sou contratado para cuidar do patrimônio, mas o maior patrimônio é a vida humana. Por isso, eu também cuido deles”, ele explicou, referindo-se aos usuários de saúde mental. Foi o indicativo, para mim, de que o acolhimento dos usuários é papel de todos os profissionais do CAPS, sem ordem de importância. Observei isso tanto na reunião de equipe, quanto no trabalho rotineiro do CAPS, onde todos se tratam de igual para igual, sem a hegemonia da especialidade.
Nossa, que legal essa vivência! Muito bom. Me tocou muito o que falou sobre o portador de sofrimento psíquico, em especial isso aqui: "'Eu sou contratado para cuidar do patrimônio, mas o maior patrimônio é a vida humana. Por isso, eu também cuido deles', ele explicou, referindo-se aos usuários de saúde mental. Foi o indicativo, para mim, de que o acolhimento dos usuários é papel de todos os profissionais do CAPS, sem ordem de importância." Aqui no Rio (onde eu vivo) pude conhecer um pouco o serviço que o Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB) presta a estas pessoas. É muito bacana. Sem pedir permissão, rs, eu postei este comentario seu no face, e pus o link do seu blog ;) ok :) um bjo
ResponderExcluir